escrevi no dia do orgulho
eu sou uma mulher bissexual. uma mulher bissexual que se relaciona de forma não monogâmica. que trata isso como inegociável. e que faz isso porque tenta honrar seus desejos. aqueles que consegui grudar no meu corpo, que consegui chamar de meus, que consigo viver ou tentar viver. são poucos esses desejos conquistados e por isso inegociáveis. e se poucos pra mim, raríssimos ou nulos pra outras.
nem sempre lidei bem com eles, já foram reprimidos e oprimidos e por isso saíam de forma amarga de mim, de um jeito que não me fazia ter tanto prazer em vivê-los. aprendi a lidar com eles com o tempo. entendi que só queriam explodir. explodir bonito, explodir com gosto, explodir com o gozo de saber que podem. eles precisavam de oportunidade e coragem.
até hoje e pra sempre, então, tento honrá-los. faço isso contra aqueles que tentam fazer do meu corpo seu território, pelos olhares, palavras, mãos, leis e moralidades. desde criança me ensinam que meu desejo é deles. contra aqueles que não me querem sentindo, vivendo, aproveitando pra mim o tempo de corpo que tenho aqui nessa terra. também por eles, devo tratar o desejo que consigo viver como inegociável. como orgulho. tenho que ser um corpo sem vergonha de dizer que deseja.
acho um ato de coragem constante tentar honrar seus desejos. falar, declarar, abrir, ir atrás. fazer deles luta quando se consegue. eu acho corajoso dizer que minha sexualidade é minha, sendo ela de uma mulher bissexual, sendo ela não monogâmica. ela é minha e parte de mim, não de você. ela é inteirinha minha pra eu senti-la no meu corpo no tempo em que eu estiver por aqui, porque não vai ser só você que vai ter o direito de aproveitar. eu quero dizer sim ou não ao que acontece no meu corpo assim como você quer dizer ao seu.
eu desejo. desejo porque estou viva e comunico porque tenho orgulho. e tenho orgulho porque sei que incomoda e que só com ele, atravessando o que for preciso, dou ao desejo o que ele quer.
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